museuvirtualmuritiba@gmail.com MUSEU VIRTUAL DE MURITIBA.: 08/01/2015 - 09/01/2015 expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

PRA QUEM AMA E ACREDITA, MURITIBA.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

LEMBRANÇAS

A MUSICA SEMPRE FOI O SANGUE DE MINHA ALMA ...
FOI O GRANDE ESCAPE A GRANDE VALVULA. FUI REVIVENDO NA MUSICA A VIDA DE OUTROS QUEM AMA A MUSICA NÃO AMA UM ESTILO ...É ECLÉTICO POIS A MUSICA É UNIVERSAL... LEMBRO-ME DE MINHA MÃE PASSANDO ROUPA NA COZINHA E O RADIO LIGADO NO PROGRAMA SHOW DA TARDE ... SÓ LEMBRANÇAS

RIQUEZAS DE MURITIBA.










O Homem é um Mistério. Deve Ser Desvendado...

Fiodor Dostoievski
A A minha alma já não é susceptível aos seus impulsos violentos anteriores. Nela tudo é tão sossegado como no coração de um homem que esconde um segredo fundo.
Eu estou a aprender bastante acerca de 'o que é o homem e o que é a vida'; eu posso estudar caráteres humanos a partir de escritores com quem eu passei a maior parte da minha vida, livremente e com alegria. Isto é tudo o que eu posso dizer sobre mim próprio. Tenho confiança em mim próprio. O homem é um mistério. Deve ser desvendado, e se tal levar uma vida inteira, não digas que é um desperdicio de tempo. Eu estou preocupado com este mistério porque eu quero ser um ser humano...
Fiodor Dostoievski, em 'Cartas Selecionadas'

Casa arrumada é assim...


Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca
ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.
Afinal, a vida ,a felicidade e paz são caminhos e não destinos....
{ Carlos Drummond de Andrade }

Ser Real quer Dizer não Estar Dentro de Mim

Seja o que for que esteja no centro do Mundo, 
Deu-me o mundo exterior por exemplo de Realidade, 
E quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento, 
Vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior, 
Vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim. 

Ser real quer dizer não estar dentro de mim. 
Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade. 
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo. 
Estou mais certo da existência da minha casa branca 
Do que da existência interior do dono da casa branca. 
Creio mais no meu corpo do que na minha alma, 
Porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade. 
Podendo ser visto por outros, 
Podendo tocar em outros, 
Podendo sentar-se e estar de pé, 
Mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora. 
Existe para mim — nos momentos em que julgo que efetivamente 
                               existe — 

Por um empréstimo da realidade exterior do Mundo 

Se a alma é mais real 
Que o mundo exterior como tu, filósofos, dizes, 
Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade" 

Se é mais certo eu sentir 
Do que existir a cousa que sinto — 
Para que sinto 
E para que surge essa cousa independentemente de mim 
Sem precisar de mim para existir, 
E eu sempre ligado a mim-próprio, sempre pessoal e intransmissível? 
Para que me movo com os outros 
Em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos 
Se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo? 
Se o Mundo é um erro, é um erro de toda a gente. 
E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas. 
Cousa por cousa, o Mundo é mais certo. 

Mas por que me interrogo, senão porque estou doente? 
Nos dias certos; nos dias exteriores da minha vida, 
Nos meus dias de perfeita lucidez natural, 
Sinto sem sentir que sinto, 
Vejo sem saber que vejo, 
E nunca o Universo é tão real como então, 
Nunca o Universo está (não é perto ou longe de mim. 
Mas) tão sublimemente não-meu. 

Quando digo "é evidente", quero acaso dizer "só eu é que o vejo"? 
Quando digo "é verdade", quero acaso dizer "é minha opinião"?
Quando digo "ali está", quero acaso dizer "não está ali"? 
E se isto é assim na vida, por que será diferente na filosofia? 
Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos, 
E o primeiro fato merece ao menos a precedência e o culto. 

Sim, antes de sermos interior somos exterior. 
Por isso somos exterior essencialmente. 

Dizes, filósofo doente, filósofo enfim, que isto é materialismo. 
Mas isto como pode ser materialismo, se materialismo é uma ilosofia, 
Se uma filosofia seria, pelo menos sendo minha, uma filosofia minha, 
E isto nem sequer é meu, nem sequer sou eu? 

Alberto Caeiro - "Poemas Inconjuntos" 
Heterónimo de Fernando Pessoa